21 de dezembro de 2021

Resenha: "MATRIX RESURRECTIONS" (2021) [sem spoilers]


O final dos anos 90 nos trouxe uma pérola cinematográfica chamada “Matrix” (1999)... e então vieram suas duas discutíveis sequências. Naquela trilogia de ficção científica e ação, havia uma boa mistura de temas filosóficos: mundo real, mundo artificial, escolha e destino, além da referência à “Alegoria da Caverna” de Platão. Agora, em 2021, entramos na “Matrix Resurrections”!

Lana Wachowski, de volta à direção, entregou uma história que, ao contrário do 1º filme, não dialoga tanto quanto poderia com as ansiedades e hábitos da sociedade da época vigente. Há apenas flertes bacanas com questões novas: "não binariedade", dificuldades maiores de escolha pela “pílula vermelha” (a da liberdade), conexões mais fortes entre humano e máquina, e... o poder do amor? Ainda assim, o foco aqui é na autoindulgência e metalinguagem.

Keanu Reeves tornou o seu Neo um tanto mais interessante na meia-idade, e Carrie-Anne Moss incorporou bem a nova importância da sua Trinity. A novata Bugs (Jessica Henwick) trouxe frescor à saga, assim como personagens secundários antigos também ofereceram brilho extra à trama. As mudanças que justificam os atuais Morpheus (Yahya Abdul-Mateen II) e Smith (Jonathan Groff) são “ok”, ainda que não quebrem a barreira da estranheza. Já um certo vilão apresentou apenas de forma caricata as vantagens - e perigos - da nova Matrix...

A trama aqui se desenvolve de forma crescente e relativamente bem amarrada, no estilo do filme clássico. Não há o exagero subjetivo dos subtextos do “Reloaded”, nem os arroubos épicos e sabores amargos do “Revolutions”. Tanto as cenas de ação quanto seus aspectos visuais imersivos são competentes, nos lembrando que essa franquia não precisa mais “reinventar a roda” - após já ter criado várias bases para o cinema ‘blockbuster’ do atual milênio.

“Matrix Resurrections” é bastante envolvente para quem estiver aberto a um filme de sci-fi/ação que optou pelo “jogo seguro”. Se é, no fundo, uma ode romântica, talvez ele seja uma resposta a essa nossa atualidade cheia de intolerância e “haters”... Ou talvez seja uma readaptação àquele cinema agora conduzido pela “geração MCU”. Ou então, a verdadeira felicidade não será desbravada por Neo e Trinity, pois ela está mesmo é no universo escapista que é sugerido naquela divertida cena pós-créditos...

Nota: 8

Por Fábio Cavalcanti