18 de outubro de 2022

Resenha: "ADÃO NEGRO" (2022) [sem spoilers]

 
É certo que não há mais o que ser inventado em filmes de super-heróis, o que não impede que a franquia cinematográfica da DC explore mais variações do que a sua rival... Chegamos então a “Adão Negro” (2022), que é ao mesmo tempo o 11º exemplar do Universo Estendido DC e um 'spin-off' de "Shazam!". Espertamente, o ator principal e produtor Dwayne “The Rock” Johnson ofereceu à história de origem desse anti-herói uma “diferença” mais... segura, digamos assim.

Jaume Collet-Serra dirigiu esse filme de forma competente e atenta aos detalhes, unificando bem os gêneros de ação “brucutu” e fantasia de “mitologias egípcias trazidas à atualidade”. Para o bem e o mal, há também uma forte influência dos filmes da Marvel, como nos pontuais alívios cômicos, nas referências à cultura pop, e no fato de o “episódico” vilão aqui estar apenas levemente acima da média quanto àquelas já batidas ameaças autocráticas...

Johnson se livrou das suas habituais “caras e bocas” para agregar a esse anti-herói uma personalidade durona, unilateral ou taciturna, na linha de certos personagens do Clint Eastwood - algo declarado numa referência a um clássico desse ator. Além de nos lembrar que estamos assistindo a algo da DC, essa escolha faz o obscuro passado do personagem ressoar nos seus atuais e discutíveis conceitos de justiça, e nos brinda com doses de “violência ‘old school’” em várias das divertidas cenas de pancadaria...

Há também a introdução da Sociedade da Justiça da América, um grupo de super-heróis que não traz absolutamente nada de novo em comparação àqueles outros que já vimos bastante nas telas, mas que funciona bem quanto a uma mensagem básica do filme: qualquer pessoa pode escolher ser um herói... inclusive os cidadãos comuns da pobre cidade onde se passa a história.

Tão sério quanto espirituoso, “Adão Negro” é o entretenimento ideal para recrutar a "geração MCU" para a DC em definitivo - e isso será reforçado por aquela aparição especial na sua cena pós-créditos, que deve causar mais arrepios do que o filme em si. Como diria o interessante e classudo Senhor Destino (Pierce Brosnan), num momento que parece sugerir um sutil frescor em cima das ainda adoradas fórmulas de super-heróis no cinema: “às vezes, o mundo precisa de alguém sombrio”...

Nota: 7

Por Fábio Cavalcanti