31 de maio de 2022

Resenha: "JURASSIC WORLD DOMÍNIO" (2022) [sem spoilers]

 
A franquia “Jurassic Park” sempre foi atrativa para entusiastas de dinossauros, ainda que sua limitação natural de escopo narrativo se mostre presente desde o seu 2º filme. Para o espectador que se diverte com o irônico espírito mercadológico que move essa saga “anti corporações gananciosas”, há sim bons acertos na maioria das continuações... Porém, o seu 6º e novo exemplar, “Jurassic World Domínio” (2022), segue por caminhos seguros até demais...

A obra em questão é um encerramento da trilogia específica “Jurassic World”, e pode servir também como um fim para todo o universo que foi criado pelo Steven Spielberg em 1993. O atual diretor, Colin Trevorrow, deu continuidade à grande reviravolta do filme anterior: uma nova realidade na qual os humanos devem coexistir com dinossauros livres. O paralelo que se faz com questões do mundo animal chega a ser óbvio, mas funciona relativamente bem.

Após um breve retorno daquele senso de “encanto”, somos jogados numa espécie de 'thriller' de espionagem (?!) que envolve também uma engenharia genética relacionada a insetos. Como se não bastasse o excesso de cenas de aventura que pouco surpreendem - tanto em visual quanto nas suas resoluções -, falta aquele toque extra de inspiração e de frescor quando a trama unifica as duas gerações: os “recentes” personagens de Chris Pratt e Bryce Dallas Howard, e os “clássicos” personagens de Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum.

Já os personagens secundários - e até alguns dos principais “dinos” - tomam decisões que obedecem às conveniências do roteiro. Por um momento, esquecemos de contemplar a sempre interessante variedade de espécies de dinossauros que desfila em tela - e nesse filme, a atual turma ainda é impedida de ter uma maior oferta de humanos como alimento. Outra coisa: até quando teremos caricatas corporações que são inicialmente aceitas por quase todo mundo?

A impressão, ao final de “Jurassic World Dominion”, é a de que este filme foi feito para ser na franquia "Jurassic Park" algo equivalente ao "Vingadores: Ultimato"... mas seu excesso de soluções fáceis e de confiança num espírito demasiadamente otimista acabou remetendo mais a um "Star Wars: A Ascensão Skywalker". De toda forma, o trio Neill/Dern/Goldblum se mostra bastante presente, e uma parte da velha magia “dinossáurica” não está totalmente extinta...

Nota: 6

Por Fábio Cavalcanti

23 de maio de 2022

Resenha: "TOP GUN - MAVERICK" (2022) [sem spoilers]

 
A experiência oferecida pelo filme de aviação "Top Gun: Ases Indomáveis" (1986) é intensificada pelos seus sabores de ‘blockbuster’ oitentista americanizado... e, claro, pelo ator Tom Cruise! Eis que, em 2022, o cara voltou para uma continuação que ninguém sabe ao certo se desejava: "Top Gun - Maverick". Se esta funcionará mesmo ou não, depende da capacidade de o espectador se deixar levar por um “cinema de gênero” certeiro em altas emoções...

Há sim o retorno dos elementos originais: drama sobre questões psicológicas e competitividades no meio militar, ação aérea envolvendo velozes caças da marinha, e um romance - que agora fica em 3º plano. O diretor Joseph Kosinski (que sucede o Tony Scott) não ignorou as tecnologias e os drones da atualidade, mas ainda enaltece desavergonhadamente - e sem medo de uns excessos masculinos - a cultura e os padrões de uma era mais humana e analógica.

Como já é possível deduzir, a narrativa pertence mais ao Pete ‘Maverick’ Mitchell do que a uma nova geração de pilotos... ainda que os novos personagens, como o do Miles Teller, tenham sua importância na trama. O sempre carismático Tom Cruise traz intensidade às questões do protagonista: seus traumas do passado, e um senso de propósito que flerta com a imprudência. Poderíamos criticar a incongruência que existe na junção dos lemas “seguir o próprio instinto” e “seguir estratégias de equipe”, mas aí perderíamos boa parte da diversão...

Aliás, não faz sentido problematizarmos certos clichês (vilões não americanos, militares superiores que tratam o herói na base do “falam mal mas depois pagam pau”, etc.), quando nos deslumbramos com tudo aquilo em que este filme supera o original: cenas de ação mais empolgantes e criativas - com direito a planos que destacam as expressões de cada piloto durante seus voos -, interações cativantes, e um drama genuinamente emocionante.

Sentem-se no ‘cockpit’ e deixem que o filme "Top Gun: Maverick" te levem da terra aos céus, numa viagem que oferece frescor (a tensa missão final que o diga) e nostalgia (a bela cena do Val Kilmer que o diga) nas medidas adequadas. Será que entramos numa nova fase de arrasa quarteirões do produtor Jerry Bruckheimer? Só sei que agora deu até vontade de cantar: “Ride into the Danger Zone”...

Nota: 9

Por Fábio Cavalcanti