28 de fevereiro de 2022

Resenha: "THE BATMAN" (2022) [sem spoilers]


Após tantas adaptações cinematográficas do Batman, o que o público adoraria ver em um novo filme sobre esse icônico super-herói das HQs? Penso numa abordagem que geraria orgasmos em muita gente: algo mais espirituoso, bem-humorado e otimista, na veia de “você sabe qual universo compartilhado”... Porém, assim como acontece na vida real, o novo “The Batman” (2022) vai te dar vários socos na cara, ao longo de uma jornada ainda mais sombria...

O diretor Matt Reeves criou uma legítima obra de “ação para adultos”, seja por ter feito algo ainda mais “realista” do que os filmes de Batman dirigidos pelo Christopher Nolan, ou pelas influências que vão do neo-noir aos suspenses policiais de serial killer do David Fincher, ou até pela sua forte carga dramática - não muito distante daquela presente no seu próprio “Planeta dos Macacos: A Guerra”.

Todos os elementos supracitados convergem bem para a representação diferenciada do Bruce Wayne aqui: um indivíduo praticamente depressivo em seu segundo ano como vigilante, e que canaliza de forma questionável o seu sistemático senso de justiça. Se ele descobrirá o poder da empatia, ou se escolherá ser implacável numa Gotham City que parece ser ainda mais corrupta do que a dos filmes anteriores, é algo que você descobrirá ao longo da narrativa...

O tom dessa obra até resulta em atuações que podem causar estranheza por serem contidas demais: Robert Pattinson manda uma versão quase sisuda do personagem principal, e Zoë Kravitz nem sempre parece à vontade com as ambíguas necessidades da sua Mulher-Gato. Algo de muito interessante pode ser notado nas composições de outros personagens importantes da saga, como aqueles vividos por Jeffrey Wright, Paul Dano, John Turturro e Colin Farrell.

Dotado de suspense tenso e de melancolia em maior parte das suas quase três horas de duração, mas também certeiro e empolgante nas suas pontuais cenas de pancadaria, o filme “The Batman” trouxe com sucesso às telas a vertente mais detetivesca e investigativa de um super-herói que não foi feito para a públicos mais galhofeiros... e que nos faz pensar sobre a luz e a escuridão que existe em todos nós. E sim, continuações serão muito bem-vindas!

Nota: 9

Por Fábio Cavalcanti