5 de abril de 2022

Resenha: "ANIMAIS FANTÁSTICOS - OS SEGREDOS DE DUMBLEDORE" (2022) [sem spoilers]


Já estamos mais do que habituados com o universo compartilhado cinematográfico de aventura e fantasia que recebeu o título de “Wizarding World”. Foram oito adaptações dos livros de Harry Potter, e agora temos o 3º filme da saga “Animais Fantásticos”, intitulado “Os Segredos de Dumbledore” (2022). Se a obra anterior se mostrou irregular e burocrática, a nova funciona como uma correção de rumo... ao menos em partes...

O habitual diretor David Yates, sempre conduzido pela própria autora J. K. Rowling, retoma a capacidade de nos deixar encantados com o mundo da magia e com os personagens em geral – incluindo aqueles divertidos bichinhos. A história aqui, ambientada em meados dos anos 1930’s, cria uma conexão (fictícia) entre os bruxos e a aproximação da Segunda Guerra Mundial. Seu subtexto envolvendo “cenários que levam ao fascismo” acaba se tornando até meio óbvio...

Jude Law entrega uma atuação surpreendente e multifacetada, que nos insere nos dilemas afetivos e éticos do então “jovem” Dumbledore. Já Mads Mikkelsen (que substituiu Johnny Depp) traz maiores dimensões para o vilão Grindelwald – evocando figuras como Hitler ou até o Magneto (X-Men). E o desajeitado “trouxa” (não-mágico) vivido pelo Dan Folger ganhou um destaque que chega a ser tocante no contexto sobre inclusão e representatividade.

Infelizmente, os problemas do roteiro começam pelo próprio protagonista Newt, que passa mais tempo sendo levado pelo desenrolar da história - ainda que o Eddie Redmayne continue mandando sua atuação adoravelmente peculiar. A inchada trama oscila também entre os momentos intrigantes e os pouco convidativos para quem não lembra de acontecimentos e personagens prévios. E o que falar sobre os eventuais “sumiços” do maior poder mágico do vilão?

O saldo do filme “Animais Fantásticos - Os Segredos de Dumbledore” ainda é positivo. As cenas de ação empolgam mais do que as dos filmes anteriores, e o investimento um pouco maior no fator emocional dos personagens é algo que pode reerguer a franquia. Claro que, não deixa de ser sintomático que nos venha um gosto mais forte de “quero mais” quando nos surgem umas cenas mais ligadas ao universo do Harry Potter...

Nota: 7

Por Fábio Cavalcanti