5 de junho de 2019

Resenha: "X-MEN: FÊNIX NEGRA" (2019) [sem spoilers]


A franquia "X-Men" sempre chamou atenção pela forma como evoca, através dos seus heróis mutantes, os preconceitos reais que ocorrem com “minorias” em geral. Após seis filmes que já trouxeram duas encarnações distintas dos personagens, temos uma obra que serve para encerrar um importante ciclo da segunda encarnação: "X-Men: Fênix Negra" (2019). Esse aqui não é tão genérico quanto o “Apocalipse” (2016), ainda que tenha suas próprias falhas...

A história é focada na personagem Jean Grey, que desenvolve poderes muito acima de seu controle, e faz com que os X-Men precisem lidar com esse potencial perigo que pode afetar igualmente os humanos e os mutantes. As velhas questões sobre discriminação são elevadas a um patamar em que fatores psicológicos e políticos se entrelaçam, o que abre uma nova reflexão: até que ponto o indivíduo “diferente” é aceitável, mesmo entre seus semelhantes?

O diretor Simon Kinberg traz um tom mais dramático, sombrio e levemente cínico (DC, é você?), sem perder o senso de grandiosidade e ação que uma obra de “equipe de super-heróis” precisa ter. Sua narrativa é clara sobre as motivações dos personagens, suficientemente bem amarrada nos arcos que importam, e ao mesmo tempo despreocupada em estender ou explicar demais os aspectos fantasiosos da história. De brinde, é o filme mais convidativo para o público feminino (X-Women, como foi dito em uma sarcástica cena).

Os personagens trazem uma dualidade renovada. O Professor Xavier (James McAvoy) sofre com as consequências de algumas das suas decisões, da mesma forma que Jean Grey (Sophie Turner) se alterna com fluidez entre seus conflitos – e demônios – internos, seja antes ou após se transformar na Fênix Negra. Já Magneto (Michael Fassbender) acaba não atingindo (mais uma vez, entre esses novos filmes) o status de “grande vilão”.

Infelizmente, vários personagens ficam em segundo plano – alguns ao ponto de serem quase inúteis, como a pretensiosa entidade vilanesca Vuk (Jessica Chastain) -, mas vale prestarmos atenção nas nuances que alguns outros nos oferecem: desde as observações políticas de Fera (Nicholas Hoult), até a posição desafiadora e levemente pessimista de Mística (Jennifer Lawrence).

Com uma produção acima da média, e certa coragem narrativa que não apela para o “fan service porn” – o que resulta em algumas inesperadas reviravoltas -, "X-Men: Fênix Negra" mistura o velho lado filosófico dos mutantes com uma modesta dose de pancadaria. Tudo bem que essa franquia já não empolga tanto como nos quatro primeiros filmes, o que não impede o novo capítulo em questão de ser magnético (com o perdão do trocadilho) o bastante.

Nota: 6

Por Fábio Cavalcanti

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