11 de setembro de 2019

Resenha: "MIDSOMMAR - O MAL NÃO ESPERA A NOITE" (2019) [sem spoilers]



Se você não esteve alheio aos gêneros de suspense e terror psicológico nos últimos anos, deve ter assistido a "Hereditário" ou pelo menos ouviu falar no nome do seu promissor diretor, Ari Aster. Em seu novo filme, intitulado "Midsommar: O Mal Não Espera a Noite" (2019), somos levados a uma jornada hipnotizante e macabra de redescoberta pessoal, familiar e espiritual, juntamente com reflexões sagazes sobre sexualidade.

A história gira em torno de Dani, que após uma tragédia pessoal, vai com o namorado Christian e um grupo de amigos até a Suécia para participar de um festival interiorano de verão, onde acabam presenciando um culto sinistro. Apesar deste filme pertencer a um subgênero chamado "horror rural", Aster coloca o drama e mistério em primeiro plano, o que traz um ótimo senso de unidade e linearidade para uma trama que lida com problemas de relacionamento (familiares e amorosos) e a necessidade de encontrar novas perspectivas a partir disso tudo.

Florence Pugh entrega uma intensidade excepcional para a sua complexa personagem Dani, que é a força motriz do filme. E Jack Reynor faz do seu Christian um tipo babaca que, de forma funcional à história, nos faz ter algum ódio do seu personagem desde o início. Os outros personagens possuem lá seus momentos - incluindo passagens que beiram o humor negro -, mas acabam tendo funcionalidades que não vão muito além do episódico.

Aster não economiza nos simbolismos, alguns deles óbvios e outros impenetráveis para quem não entende de paganismo e afins. Ainda assim, é fácil encontrar referências cinematográficas que vão de “O Homem de Palha” a “Dogville”, em cima de uma ambientação que gera o sombrio a partir de um céu de claridade quase total. Os excelentes aspectos técnicos de som e imagem também nos causam arrepios em cenas memoráveis, como por exemplo: a que mostra um pós-tragédia, as de rituais com desfechos tensos, ou a de um sexo bem esquisitão.

Apesar de algumas pontas soltas e certa previsibilidade - além de não ser tão assustador quanto “Hereditário” -, o fato é que "Midsommar: O Mal Não Espera a Noite" é um ótimo filme sobre rupturas psicológicas, paradigmas de gênero, e necessidades de pertencimento. É uma narrativa que, lenta e gradualmente, vai te puxando para um pequeno universo bucólico que vai assombrar o seu imaginário durante um bom tempo. Todos nós passamos pelo inferno pessoal de Dani vez ou outra, logo alguns expurgos extremos acabam sendo bastante convidativos...

Nota: 8

Por Fábio Cavalcanti

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