Uma das formas mais
depreciativas de se referir aos filmes de super-heróis do grandioso “Universo
Cinematográfico Marvel” (‘MCU’) é no uso de argumentos como “filme episódico
demais” ou “apenas um trailer para o capítulo seguinte”... palavras essas que
foram caladas temporariamente após o fenômeno de “Vingadores – Ultimato”.
Porém, por mais que tentemos evitar os argumentos supracitados, eles voltam à
tona – para o bem e para o mal – quando falamos sobre o 23º filme da franquia: “Homem-Aranha
- Longe de Casa” (2019).
Essa nova aventura se passa em
uma viagem escolar pela Europa, onde o Homem-Aranha é convocado por Nick Fury,
juntamente com o enigmático Mysterio, para lidar com os vilões chamados de Elementais.
Aqui, o diretor Jon Watts não se distancia muito da aura leve e despretensiosa
da aventura solo anterior do aracnídeo, e entrega uma narrativa ágil, mais
intensa na comédia, e que ainda investe em questões sobre amadurecimento e
responsabilidade (#SddsTioBen), além de algumas sutilezas relacionadas a
famílias e afins...
As surpresas ficam por conta
dos intrigantes jogos de ilusão proporcionados pelo Mysterio, que é um
personagem multidimensional muito bem incorporado por Jake Gyllenhaal... embora
previsível quanto à principal reviravolta do seu arco. Já o Peter Parker de Tom
Holland continua com aquelas dúvidas e inquietações adolescentes de sempre,
além de finalmente estabelecer uma química bastante peculiar com a MJ (Zendaya).
E os outros personagens, em sua maioria, se alternam entre a acertada utilidade
no roteiro e o mero alívio cômico.
A ação é de um deleite para os
olhos e ouvidos em sua parte técnica, mas não gera um real senso de perigo,
possivelmente por causa do próprio enfoque de Watts em fazer deste um mero “filme
ensolarado para as férias”. E, por mais bacana que seja a interação de Parker
com mentores diferentes ao longo da narrativa (de Fury a Happy Hogan), é um
pouco decepcionante constatar que sua evolução ocorre a passos lentos - e não à
toa, o antigo mentor Tony Stark ainda é bastante citado.
Seja como for, “Homem-Aranha -
Longe de Casa” é um filme divertido, moderno e “retrô” ao mesmo tempo, e que
une bem a ação, comédia e romance adolescente. Tudo bem que as duas inspiradas
cenas pós-créditos acabam sendo mais memoráveis do que momentos isolados do
filme em si, mas o fato é que a “fórmula MCU” ainda traz pequenas surpresas e
gostinhos de “quero mais” em meio a elementos já utilizados à exaustão. Algumas
vezes, só precisamos ser devidamente iludidos, seja nas mãos do Mysterio ou nas
mãos de Kevin Feige e companhia...
Nota: 7
Por Fábio Cavalcanti