31 de dezembro de 2019

TOP 2019 - CINEMA


Sim, 2019 nos trouxe bons filmes! Segue o meu TOP 10 (com menções honrosas), citação da série que mais me agradou, e os "prêmios framboesa" para as porcarias do ano. Feliz 2020!

Top 10 - Filmes:
1. Parasita
2. Nós
3. Rocketman
4. Bacurau
5. Coringa
6. Vingadores: Ultimato
7. Entre Facas e Segredos
8. Ford vs Ferrari
9. História de um Casamento
10. Dois Papas

Menções honrosas (sem ordem):
-Turma da Mônica: Laços
-Meu Nome é Dolemite
-Toy Story 4
-O Irlandês
-O Menino que Queria Ser Rei

Série (temporada) do ano:
-Star Trek Discovery (2ª  temporada)

Piores filmes:
-Hellboy
-MIB: Homens de Preto Internacional
-A Morte Te Dá Parabéns 2

TOP 2019 - MÚSICA

Sim, 2019 nos trouxe boa música! Segue o meu TOP 10 de álbuns, uma playlist de Spotify com minhas 20 músicas preferidas de 2019, e os "prêmios framboesa" para as porcarias do ano. Feliz 2020!

Top 10 - Álbuns: 
1. Feral Roots (Rival Sons)
2. Fear Inoculum (Tool)
3. When We All Fall Asleep, Where Do We Go? (Billie Eilish)
4. "Let's Rock" (The Black Keys)
5. Walk the Sky (Alter Bridge)
6. Distance over Time (Dream Theater)
7. Back Home Again (Dr. Sin)
8. Why Me? Why Not. (Liam Gallagher)
9. We Are Not Your Kind (Slipknot)
10. Não Vejo a Hora (Humberto Gessinger)

Menções honrosas (sem ordem):
-In the End (The Cranberries)
-Colorado (Neil Young)
-"40" (Stray Cats)
-Help Us Stranger (The Raconteurs)
-Backbone (Status Quo)

Top 20 - Músicas (playlist, sem ordem):
https://open.spotify.com/playlist/4awpIp5UdEewUisynKq37M?si=_pOYaDCwRh6UNMz9R3bSvA

Pior álbum: Legacy Of The Dark Lands (Blind Guardian & Twilight Orchestra)
Pior música: Caneta Azul (Manoel Gomes)

13 de dezembro de 2019

Resenha: "DR. SIN - BACK HOME AGAIN"



O hard rock nacional sempre esteve bem servido de bandas, mas foram os paulistas do Dr. Sin que alçaram vôos mais altos desde o seu primeiro álbum (o autointitulado, de 1993). Após um breve término de atividades, os irmãos Andria (vocal e baixo) e Ivan Busic (bateria e vocal) voltaram à ativa sem o guitarrista Eduardo Ardanuy, e com Thiago Melo em seu lugar. Como resultado, temos uma banda revigorada em seu novo disco, “Back Home Again” (2019).

Pouco antes, os Busic pareciam quase “perdidos no espaço”, como mandava o prévio single “Lost in Space” (relançado aqui como faixa bônus), uma excelente semi-balada de metal progressivo que remete a um Dream Theater abduzido por alienígenas. No novo disco em si, o sentimento das letras é de superação, inquietações persistentes da vida, e alguns respiros intimistas. Já o som é aquele hard rock robusto de costume, com uma modesta quantidade de baladas, e com momentos gostosos de interação virtuosa entre os três integrantes.

O ótimo hardão “Breakout” é direto e puxado para o estilo do álbum “Brutal” (1995), abrindo o trabalho com uma temática autorreferente e desafiadora. Ainda nessa área, destaco a excelente “You Had it Coming”, que não apenas manda uma mensagem ácida e sem papas na língua, como também nos apresenta o refrão mais grudento do disco. Já a boa “Face to Face” é cadenciada e melódica, lembrando incursões modernas e “recentes” de bandas como Mr. Big e Tesla.

A melhor faixa é “The Reflection of a Conflicting Mind”, um excepcional hard fusion que evoca a faceta mais alucinada do Extreme, e vai entortar a cabeça dos ouvintes. A quase alternativa e nervosa “Shout” é um dos momentos mais intrincados e criativos do álbum, enquanto que a esquisita “Mayday” nos deixa hipnotizados do início ao fim. Já o vibrante speed metal “Run For Your Life” é de uma combustão espontânea reminiscente da clássica faixa “Fire”.

Na área das baladas, a qualidade é mais oscilante, como ocorre na apenas razoável “27”. Destaco a boa “Best Friends”, um southern rock eletroacústico que soaria bem na trilha sonora de um Sons of Anarchy rodado no interior de São Paulo. E a digna “See Me Now” traz mais um momento alternativo, com uma vibe sombria e melancólica influenciada pelo Alice in Chains.

Em “Back Home Again”, o Dr. Sin está de volta ao seu combo sônico, munido de uma jovialidade renovada em som e letras, e sem abrir mão de certo senso de variação. Andria mantém seu vocal agudo e poderoso, e Ivan continua nos dando belas porradas em sua bateria. Thiago Melo ainda está em seus primeiros passos no grupo, mas já mostrou em sua guitarra uma singular união de energia e elegância sonora. Em suma, um dos melhores álbuns dos caras!

Nota: 9

Por Fábio Cavalcanti

Músicas:
1. Breakout
2. Face to Face
3. 27
4. Shout
5. Mayday
6. Best Friends
7. Run For Your Life
8. See Me Now
9. The Reflection of a Conflicting Mind
10. What's Wrong
11. You Had it Coming
12. Fear
13. Lost in Space [faixa bônus]

6 de dezembro de 2019

Resenha: "THE WHO - WHO"



A idade avançada também traz suas crises, inseguranças e reflexões constantes sobre vida e morte. A prova disso está no novo e bom álbum dos roqueiros britânicos do The Who, intitulado apenas “Who” (2019). Roger Daltrey e Pete Townshend pausaram as turnês que apenas revisitam o catálogo sessentista e setentista de sua clássica banda, e decidiram que estava na hora de registrar algo que unificasse o passado e o presente num mesmo pacote.

Nenhum fã do velho rock clássico precisa se preocupar, pois a sonoridade do The Who continua calcada em rocks e baladas, vocais maravilhosamente joviais e teatrais de Daltrey, guitarras elegantíssimas de Townshend, teclados climáticos, e uma cozinha que agora fica em segundo plano – quase uma homenagem aos saudosos John Entwistle e Keith Moon, membros da formação clássica do grupo. O diferencial está mesmo é nas letras, bastante realistas e atuais.

A ótima “All This Music Must Fade” inicia o trabalho com ecos do hino “Won't Get Fooled Again”, juntamente com ritmos intrincados, vocais energéticos, e uma temática bacana sobre plágios musicais. Outro grande destaque é “Ball and Chain”, um envolvente blues rock cadenciado e sombrio que discursa sobre os perrengues numa prisão. Fechando a trinca inicial, “I Don't Wanna Get Wise” é um bom rock retrô com melodias grudentas, e que traz letras quase autobiográficas sobre as vantagens e desvantagens do amadurecimento.

A excelente “Detour” é um rock ‘n’ roll divertido e percussivo que mistura o estilo de Bo Diddley com a própria “Magic Bus” do The Who. A boa e melódica “Street Song” parece ter sido feita para ecoar em grandes estádios, e nos apresenta a performance vocal mais arrepiante de Daltrey. Já a morna “Hero Ground Zero” falha um pouco em relembrar a vibe sinfônica de opera rock à la “Quadrophenia” (1973). Outra faixa apenas ‘ok’ é “Rockin' in Rage”, que vai da calma soturna à explosão nervosa, com Townshend e Daltrey buscando alguma revolta na velhice.

Entre os pontos mais fracos, temos “I'll Be Back”, uma balada de soul pasteurizado que seria no máximo um lado-b do Simply Red. E a última faixa, o flamenco esquisito “She Rocked My World” é uma tentativa falha de trazer experimentalismo logo aos 45 minutos do segundo tempo...

Sim, esse décimo segundo álbum do The Who é uma mistura de simplicidade com senso de variação, como uma forma de juntar as meditações da terceira idade com impulsos jovens e questionadores que não podem morrer. Com ecos em especial dos álbuns “Who’s Next” (1971) e "Who Are You" (1978), esse “Who” é o melhor dos quatro álbuns lançados após a morte de Keith Moon, e é um belo suspiro final de uma das melhores bandas que o rock nos ofereceu.

Nota: 7

Por Fábio Cavalcanti

Músicas:
1. All This Music Must Fade
2. Ball and Chain
3. I Don't Wanna Get Wise
4. Detour
5. Beads on One String
6. Hero Ground Zero
7. Street Song
8. I'll Be Back
9. Break the News
10. Rockin' in Rage
11. She Rocked My World

22 de novembro de 2019

Resenha: "COLDPLAY - EVERYDAY LIFE"



A banda britânica Coldplay nunca escondeu o objetivo de levar o seu rock intimista a ares cada vez mais grandiosos e universais. Chris Martin e sua trupe usaram o melhor das influências de U2 e britpop no início dos anos 2000, e então mergulharam no pop quase eletrônico em seus trabalhos recentes. Agora, o quarteto entrega seu oitavo álbum “Everyday Life” (2019), o qual retoma uma sonoridade orgânica e retrô, mas sem deixar de ir além...

Aqui, temos as partes “Sunrise” e “Sunset”, indo do rock alternativo eletroacústico ao experimentalismo, e amarrando diversidade de voz e arranjos a um grande acervo de temáticas: humanidade, união, pluralidade espiritual, e críticas ácidas à guerra e às políticas excludentes. A velha melancolia também voltou em parte, ainda que a esperança fale mais alto.

A razoável faixa “Church” é um dream pop que já abre o disco com espaço para influências culturais do oriente médio. Esse sutil fundo de ‘world music’ também está presente na ótima “Orphans”, um pop/rock alegre e tribal com pitadinhas de Paul Simon, porém corajoso em sua séria letra sobre refugiados da Síria. A ousadia sônica atinge o ápice na excelente, densa e cinemática “Arabesque”, uma espécie de fusion exótico que abusa de um arranjo de metais enquanto dispara uma mensagem política que deixaria o Roger Waters orgulhoso.

Voltando ao lado ocidental, destaco o gospel “BrokEn”, de uma rusticidade bastante simpática. Já “Daddy” é uma balada lúdica ao piano com capacidade de nos arrancar algumas lágrimas, o que a torna uma das melhores do álbum! A quase progressiva “Trouble in Town” aborda o racismo, com uma construção que vai da serenidade soturna a um arrepiante ponto de tensão. E no folk "Guns", Martin soa como um Dave Matthews irritado, ao criticar o armamentismo.

Como nem tudo são flores, devo citar a leve inconstância da parte “Sunset”, pois cai às vezes no mero exercício de ecletismo. E ainda temos faixas fracas como “When I Need a Friend”, que parece um coral no culto de uma religião picareta, enquanto que a balada básica “Champion of the World” usa uma ‘vibe’ meio Echo & the Bunnymen para ser apenas campeã da sonolência.

Pode-se sintetizar o álbum “Everyday Life” através de sua boa faixa-título, uma canção sinfônica que não apenas indica a volta do Coldplay ao universo do rock alternativo diversificado, como também faz ligação com “Everybody Hurts” (do R.E.M.) e com todo o conceito de empatia estabelecido no disco. E assim se encerra uma jornada que, mesmo tendo imperfeições, lembra a essência artística do “Viva La Vida” (2008), e supera as obras lançadas pelos caras desde então. Aqui, há um sentimento sincero e realista: todo dia é incrível, e todo dia é terrível.

Nota: 8

Por Fábio Cavalcanti

Músicas:
1. Sunrise
2. Church
3. Trouble in Town
4. BrokEn
5. Daddy
6. WOTW / POTP
7. Arabesque
8. When I Need a Friend
9. Guns
10. Orphans
11. Èkó
12. Cry Cry Cry
13. Old Friends
14. (Son Of Adam)
15. Champion of the World
16. Everyday Life

13 de novembro de 2019

Resenha: "AS PANTERAS" [sem spoilers]



Quando se fala de empoderamento feminino, a divertida franquia de ação “As Panteras” ainda podia ser considerada discutível, tanto em sua série original de TV (dos anos 1970) como em sua primeira encarnação cinematográfica (da década passada). Agora, a diretora Elizabeth Banks tomou as rédeas de uma saga que sempre foi abordada sob um ponto de vista um tanto masculino, e fez do seu “As Panteras” (2019) um produto dos tempos atuais, ainda que tenha oferecido uma mistura de erros e acertos no resultado final.

A história é uma continuação dos exemplares anteriores, e nos apresenta toda uma geração internacional da agência Townsend. Aqui, as três “Panteras” do momento precisam impedir que um dispositivo de melhoria ambiental seja usado de forma letal por terroristas e afins. Como é deduzível, o novo filme é moderno em alguns pontos ideológicos e ambientais, mas aposta em um formato de escalada investigativa batida que não traz frescor àquelas reviravoltas envolvendo agentes duplos e coisas do tipo.

Na composição de personagens, as coisas também se mostram um pouco trôpegas. A Elena da Naomi Scott é de uma ótima imponência em postura e ação, mas tem personalidade ainda indefinida. Ella Balinska traz indefinição ainda maior para a sua Jane, ao variar de momentos inteligentes para outros de uma ingenuidade cômica bastante forçada. Já Kristen Stewart brilha em tela, fazendo da sua Sabina uma personagem com estilo malandro e com alguma profundidade. Dos vários coadjuvantes, destaco dois “Bosleys”, feitos respectivamente por um Patrick Stewart divertidíssimo e por uma Elizabeth Banks cheia de confiança e segurança.

Claro, também devemos falar sobre o principal: a ação bombástica! Ao contrário das duas obras anteriores, essa aqui leva a tríade “tiros/pancadarias/explosões” a um inesperado nível de economia e sobriedade, um acerto que seria ainda maior se ao menos resultasse num genuíno senso de perigo. A comédia também possui lá uns acertos engraçadinhos. E o elemento feminista atinge o ápice na rima narrativa efetivada entre o início e o desfecho do filme, uma sacada que arrepiará e emocionará qualquer mulher que seja adepta da sororidade.

Apesar dos clichês e irregularidades de execução, o novo “As Panteras” é levemente superior aos dois anteriores, e é bacana o bastante para um fim de semana regado a pipoca. Seu discurso também deverá ser cada vez mais incorporado em grupos de mulheres fortes do presente e futuro, enquanto Kristen, Naomi e Ella estiverem refinando sua química em possíveis continuações dessa saga ainda influente de porrada, estilo e bom humor. Se tudo der certo, elas poderão chutar mais traseiros de homens conservadores por aí...

Nota: 6

Por Fábio Cavalcanti

11 de novembro de 2019

Resenha: "FORD VS FERRARI" [sem spoilers]



Filmes do segmento de drama esportivo tendem a cair no formulaico, especialmente aqueles norte-americanos que são baseados em fatos reais. Ainda assim, em raros casos, podemos ser surpreendidos com uma exímia e abrangente execução dos elementos que já vimos em milhares de outras obras. Esse é o caso de “Ford vs Ferrari” (2019).

O filme conta a história do designer automotivo Carroll Shelby (Matt Damon) e do piloto Ken Miles (Christian  Bale), que trabalham juntos em uma disputa da Ford contra a Ferrari, nas pistas de corrida. O diretor James Mangold empregou aqui o melhor das suas habilidades no sentido de providenciar um drama que é acessível, identificável e bem-humorado a ponto de nunca se transformar em mera masturbação automotiva.

Além da disputa representada pelo próprio título da obra, temos também o eterno embate entre o corporativismo e o elemento humano, e entre as ambições pessoais e a necessidade de adaptação ao trabalho em equipe. Em paralelo a tudo isso, há uma bela mensagem sobre uma amizade que é desenvolvida através da paixão que dois homens possuem por carros velozes.

Christian Bale faz do seu Ken Miles um piloto energético, intuitivo e às vezes esquentado, numa composição pitoresca que é uma das mais interessantes de sua carreira. E Matt Damon faz do seu Carroll Shelby um contraponto mais sensato e centrado, mas que também possui seus momentos de intensidade. A química entre os dois é excepcional, e move a trama de tal forma que às vezes ofusca os outros personagens, ainda que Caitriona Balfe se saia bem como Mollie Miles (esposa de Ken) e Tracy Letts ofereça uma boa dimensão a Henry Ford II.

O roteiro possui algumas gordurinhas, mas é muito bem desenvolvido. Mangold também parece ter atingido aqui o seu ápice em termos de precisão técnica, especialmente na sua imersiva e convidativa recriação – visual e cultural - dos anos 1960. Destaque ainda maior para o último ato do filme, que unifica todos os seus subtextos através de uma corrida que é eletrizante, extenuante (no bom sentido), e provida de algumas reviravoltas levemente inesperadas.

“Ford vs Ferrari” é pura velocidade e ritmo, tanto dentro quanto fora das pistas. É um drama que se mostra otimista, caloroso, e quase sempre munido de uma boa dose de diversão e loucura por parte de Bale e Damon. De brinde, ele nos faz pensar sobre como podemos encontrar a verdadeira visão em pessoas que estejam longe de uma sala cheia de burocratas. Talvez a própria Hollywood dos tempos atuais precise refletir mais sobre isso, não acham?

Nota: 9

Por Fábio Cavalcanti

5 de novembro de 2019

Resenha: "DOUTOR SONO" [sem spoilers]



Adaptações cinematográficas de livros são complicadas, especialmente quando se trata de grandes obras de Stephen King. Uma das mais corajosas adaptações é “O Iluminado”, dirigida pelo saudoso Stanley Kubrick, que se estabeleceu como uma obra de caráter bastante autoral em seu estudo de terror psicológico. Quase 40 anos se passaram, e agora temos a adaptação da sua sequência, intitulada “Doutor Sono” (2019), que traz resultados mistos ao tentar ser diferenciada e ao mesmo tempo respeitosa a King e Kubrick.

Na história, Danny Torrance (Ewan McGregor) continua traumatizado pelos acontecimentos no Hotel Overlook, e agora precisa unir seus poderes extra-sensoriais aos da adolescente Abra (Kyliegh Curran), para tentar impedir a ameaça de Rose Cartola (Rebecca Ferguson) e seu culto. O diretor Mike Flanagan não consegue esconder sua indecisão no tom da obra, pois arrisca um enfoque muito mais fantasioso e fabulesco, para depois sentir a necessidade de retomar os elementos e o estilo do filme clássico. O roteiro também tem alguns tropeços lógicos quanto à extensão do lado sobrenatural, e quanto a algumas atitudes estúpidas de certos personagens.

O lado psicológico ainda é forte em suas questões sobre traumas, família disfuncional, medo e até alcoolismo. Ewan McGregor faz uma ótima atuação ao nos mostrar um Danny atormentado que carrega (quase literalmente) vários demônios internos. E Rebecca Ferguson também se sai bem ao transformar sua vilã Rose em um tipo místico e humanizado ao mesmo tempo. Já Kyliegh Curran não cativa tanto com a sua importante personagem, da mesma forma que os personagens secundários se tornam esquecíveis após cumprirem com seus papéis...

Flanagan tem lá sua habilidade, tanto na forma peculiar de nos colocar numa espécie de serenidade sombria durante o desenvolvimento da história, quanto numa fotografia que destaca o seu lado intimista. A decisão de não apelar para certas convenções do terror também é respeitável. Ainda assim, ele só consegue atingir de fato um resultado magistral ao transformar o abandonado Hotel Overlook num personagem central da narrativa, o que nos presenteia com um ato final à la “casa mal-assombrada” que é catártico, arrepiante e memorável!

No fim, “Doutor Sono” apenas expande com alguma competência esse pequeno universo criado por Stephen King. Salve as devidas proporções, ele está mais para “IT Capítulo Dois” (2019) do que para “O Iluminado” de Kubrick, pois é de uma fantasia mais clara e objetiva do que aquela que havia sido apenas sugerida anteriormente. Mesmo com suas falhas, a imersão funciona, o ‘fan service’ está na medida, e o terror se entrelaça bem aos subtextos dramáticos já citados. Este pode não ser um filme realmente iluminado, mas pelo menos não causa sono.

Nota: 7

Por Fábio Cavalcanti

30 de outubro de 2019

Resenha: "O EXTERMINADOR DO FUTURO - DESTINO SOMBRIO" [sem spoilers]



Já se passaram 35 anos desde que o diretor James Cameron sacudiu os gêneros de ficção científica e ação bombástica, através do primeiro filme da extensa franquia “O Exterminador do Futuro”. Após três sequências que não trouxeram resultados tão satisfatórios quanto o dos dois primeiros exemplares, o diretor Tim Miller (de Deadpool) uniu forças ao próprio Cameron para criar toda uma nova história que se passa após o segundo filme. Com isso, temos “O Exterminador do Futuro - Destino Sombrio” (2019), o “terceiro” capítulo da saga.

Na história, Sarah Connor (Linda Hamilton) e a ciborgue Grace (Mackenzie Davis) tentam impedir um novo Exterminador (Gabriel Luna) que veio do futuro para matar a importante humana Dani (Natalia Reyes). Os subtextos continuam sendo aqueles sobre os perigos da tecnologia, e sobre os paradigmas de um futuro distópico dominado pelas máquinas, além de alguns papos sobre escolha e destino. O roteiro repete vários elementos dos dois primeiros filmes, e se alterna entre acertos e erros de execução: por um lado, há consistência em determinadas explicações, e do outro, ainda traz as típicas falhas lógicas sobre viagens no tempo, além de apresentar algumas reviravoltas e decisões que soam aleatórias.

Linda Hamilton continua sendo a mesma Sarah ‘badass’ e cínica do segundo filme, e brilha em cada um dos seus momentos em tela. Arnold Schwarzenegger, o epicentro da franquia, ressurge como o T-800 num contexto que não apenas funciona em termos narrativos como nos leva a apreciar as novas facetas do seu personagem. Mackenzie Davis e Natalia Reyes são muito bem-sucedidas em suas atuações, num roteiro que traz total importância para as suas personagens. E o vilão feito pelo Gabriel Luna é ameaçador o bastante, e tem lá suas próprias sutilezas.

A direção de Miller está longe de ser única e marcante a nível estético ou sonoro, mas é de tirar o fôlego nas empolgantes e incansáveis cenas de ação, as quais surgem sem nunca ofuscar o também extenso lado dramático da história. Destaque para a já memorável perseguição numa estrada do México, além dos tiroteios e pancadarias envolvendo Hamilton ou Schwarzenegger, momentos em que você fará uma viagem no tempo para o cinema “brucutu” dos anos 80 e 90.

Sim, “Destino Sombrio” conseguiu exterminar com sucesso as três continuações de qualidade discutível da franquia “Exterminador do Futuro”, mesmo sem possuir uma quantidade tão significativa de novos elementos. De toda forma, a alma dos primeiros filmes foi recapturada com dignidade, o senso de diversão pipoca com algum conteúdo voltou em grande estilo, e a representatividade feminina é bacana. Estaremos bem servidos se a franquia seguir uma clássica frase que, nesse filme, foi proferida pelo Arnold de forma diferente: eu não voltarei.

Nota: 7

Por Fábio Cavalcanti

25 de outubro de 2019

Resenha: "NEIL YOUNG - COLORADO"



O cantor e compositor Neil Young, que agora está no alto dos seus 73 anos de idade, poderia estar lançando álbuns no piloto automático. Ao contrário de todas as expectativas, ele continuou inquieto e entregou discos que vão além do folk rock – acústico ou elétrico – que permeou seus discos clássicos dos anos 60 e 70. Após trabalhos recentes, com sonoridades que não deram muito certo em termos de qualidade, o nosso querido velhinho retornou para sua banda de apoio Crazy Horse, e lançou seu trigésimo nono álbum: “Colorado” (2019).

Dessa vez, o canadense apenas juntou num caldeirão o melhor do folk e rock quase arrastados (no bom sentido) que encontramos em excelentes álbuns gravados com a banda em questão, como “Everybody Knows This Is Nowhere” (1969) e “Greendale” (2003). As guitarras sujas são predominantes, e ainda assim há um equilíbrio entre aspereza e beleza, como se fosse possível ser ácido e crítico sem perder a compostura. E Young não esconde sua voz mais envelhecida, muito menos os pequenos erros de execução das músicas, algo que confere espontaneidade ao trabalho.

As letras são um capítulo à parte, pois vão de questões ambientais a críticas políticas que dariam nos nervos dos conservadores... além dos eventuais momentos de romantismo sincero. A ótima e comovente “Rainbow of Colors”, por exemplo, é quase um pequeno hino a favor da diversidade em nossa sociedade. E no outro extremo, as excelentes e pesadas "Help Me Lose My Mind" e "Shut It Down" são raivosas, densas, e objetivas no seu tom de protesto.

“Think of Me” é um country rock que traz um pouco da adorável inocência dos tempos do Neil no grupo Crosby, Stills, Nash & Young. E a enorme “She Showed Me Love” é uma ótima música voltada a uma estrutura de ‘jam’ letárgica e hipnotizante (um tipo de canção que sempre apareceu nos álbuns da banda). O folk rock “Eternity” e a balada acústica “I Do” são lindos momentos mais intimistas, e ainda nos fazem querer passar as férias numa fazenda.

Pode-se dizer que “Colorado” é um retorno à boa forma de Neil Young, e está próximo do nível de qualidade dos seus clássicos. E a Crazy Horse está bem afiada, especialmente o guitarrista (e às vezes pianista) Nils Lofgren. Os pontos medianos são apenas as faixas “Olden Days” e “Milky Way”, que possuem harmonias meio desencaixadas, e perdem um pouco do aspecto singelo que prometiam a princípio. Seja como for, temos aqui um artista que não perdeu a capacidade de questionar o nosso atual mundo sombrio. Esperemos que Young continue jovem de espírito!

Nota: 8

Por Fábio Cavalcanti

Músicas:
1. Think of Me
2. She Showed Me Love
3. Olden Days
4. Help Me Lose My Mind
5. Green Is Blue
6. Shut It Down
7. Milky Way
8. Eternity
9. Rainbow of Colors
10. I Do

18 de outubro de 2019

Resenha: "ALTER BRIDGE - WALK THE SKY"



Quem não lembra do final dos anos 90 e início da década passada, em que o rock ainda fazia sucesso comercial? Nessa época, houve a explosão do Creed, uma banda norte-americana de pós-grunge que gerou um misto de admiração e irritação entre o público. Após o seu término, os seus três instrumentistas se uniram ao vocalista Myles Kennedy, e montaram um combo sônico mais forte e virtuoso chamado Alter Bridge, o qual trouxe agora em seu sexto álbum “Walk the Sky” (2019) um estilo ainda mais distante daquela outra banda...

Aqui, Kennedy não apenas atinge uma maior versatilidade em seu típico vocal agudo, como também entrelaça suas emoções com as guitarras furiosas e catárticas de Mark Tremonti. E a cozinha de Brian Marshall (baixo) e Scott Phillips (bateria) traz coesão e grooves na medida certa, sem exibicionismos. Enquanto o som é mais sombrio e exótico do que de costume, as letras conferem maior dose de força e esperança para vencermos as batalhas contra nossos demônios internos, algo bem explicitado por exemplo nas belas baladas “The Bitter End” e “Dying Light”.

O ótimo e pesado single “Wouldn't You Rather” possui harmonias bem sacadas, uma letra levemente otimista, e um sutil background sinfônico que também é uma das marcas do álbum. As coisas ficam ainda mais interessantes na cadenciada “In the Deep”, que chega a lembrar alguns dos sons mais melódicos e amadurecidos do guitarrista Slash (carreira solo onde Myles Kennedy também é vocalista). As arrepiantes “Native Son” e “Pay No Mind” também estão entre as melhores músicas, graças a uma essência duplamente densa e fantasmagórica.

Entre os momentos diferenciados, temos a boa “Godspeed”, que une sintetizadores a uma temática mais alegre, e soa como uma espécie de The Killers em versão hard rock. A excelente “Forever Falling” é mais melancólica e intrincada, e nos faz pensar em como o Chris Cornell se sairia num suposto álbum solo de metal alternativo. Já entre os pontos negativos, cito a irregular “Take the Crown”, que une um verso inspirado a um refrão mediano e deslocado. E “Tear Us Apart” é um pop/rock genérico que parece um Goo Goo Dolls asfixiado em hélio.

No fim, “Walk the Sky” é um álbum que esbanja inspiração do Alter Bridge. Além das letras voltadas à resiliência, a atmosfera sonora pode remeter a uma espécie de filme de terror das antigas. E independente das pequenas mudanças, a banda continua pesada e vigorosa no seu misto de pós-grunge e metal alternativo. Este não é um trabalho superior ao marcante “Blackbird” (2007), mas possui a ousadia do “Fortress” (2013) e é forte concorrente ao posto de segundo colocado na discografia de Tremonti, Kennedy e companhia. O céu é o limite!

Nota: 9

Por Fábio Cavalcanti

Músicas:
1. One Life [vinheta]
2. Wouldn't You Rather
3. In the Deep
4. Godspeed
5. Native Son
6. Take the Crown
7. Indoctrination
8. The Bitter End
9. Pay No Mind
10. Forever Falling
11. Clear Horizon
12. Walking on the Sky
13. Tear Us Apart
14. Dying Light

11 de outubro de 2019

Resenha: "EL CAMINO - UM FILME DE BREAKING BAD" [sem spoilers]



Para muita gente, Breaking Bad é uma das séries dramáticas mais criativas e intensas dos últimos anos. Porém, seu último episódio deixou uma pequena ponta solta quanto ao destino do querido personagem Jesse Pinkman (Aaron Paul), enquanto que Walter White (Bryan Cranston) e outros personagens centrais tiveram seus arcos muito bem finalizados. Tal pendência foi solucionada através do filme “El Camino” (2019), em que a história se passa logo após aquele marcante episódio.

Jesse nos é apresentado já como um fugitivo, e como alguém que deseja superar o passado e encontrar um novo caminho após ter cometido sua parcela de crimes. Assim como ocorria na série, o diretor Vince Gilligan apresenta uma narrativa crescente, sem apelações, e que transita bem entre o drama e o suspense policial. Há mensagens sobre as consequências da vida criminosa, estresse pós-traumático, e sobre a extrema dificuldade – ou impossibilidade – de retomar o controle da vida após certas situações...

Como Jesse é o centro da narrativa, há algumas falhas de condução no sentido de que todos os outros personagens se tornam episódicos – e consequentemente, esquecíveis para qualquer pessoa pouco familiarizada com a série. Aaron Paul faz uma atuação excelente em termos de angústia total, intensificada pelos bons flashbacks que nos mostram não apenas como o personagem mudou bastante ao longo de sua jornada, como também evidenciam a necessidade de uma ruptura com o seu “inocente” passado.

Gilligan ainda nos apresenta uma direção que encontra vida em meio a uma ambientação mais sombria do que de costume, e sem abrir mão de suas rimas visuais e narrativas, além de outros pequenos elementos que se tornam partes importantes do filme. Infelizmente, ele não fornece o mesmo senso de perigo que nos prendia na maioria dos episódios da série, exceto por alguns vislumbres bem interessantes dos seus melhores momentos – como, por exemplo, em uma cena tensa de confronto que remete diretamente ao faroeste.

Sim, “El Camino” é um filme digno, bem amarrado e respeitoso com o legado de Breaking Bad, especialmente quando dá total razão a uma simples frase dita por Mike (Jonathan Banks) logo no início do filme: “você nunca vai conseguir fazer o certo”. Só faltou um “algo mais” para que pudesse ir além de um quase ‘fan service’... o que é compreensível até certo ponto, pois nós amamos Jesse Pinkman. A mensagem universal dessa franquia ainda pode ressoar por muito tempo, pois todos nós devemos lidar com as consequências dos nossos atos.

Nota: 7

Por Fábio Cavalcanti

Resenha: "HUMBERTO GESSINGER - NÃO VEJO A HORA"



Humberto Gessinger é o tipo de artista que poderia ser citado como um dos veteranos que não tem mais o que provar no rock nacional. Ainda assim, desde o fim dos Engenheiros do Hawaii, o cantor encontrou um novo ritmo de trabalho, e mantém uma carreira solo que junta o seu passado e o seu presente num grande pacote eclético. No seu primeiro álbum solo, “Insular” (2013), ele entregou uma sonoridade sofisticada e indefinida ao mesmo tempo. Já em seu novo álbum, “Não Vejo a Hora” (2019), a ‘vibe’ é de relativa diversão e espontaneidade.

Logo de cara, o ótimo rock “Partiu” nos coloca na “infinita highway” de Gessinger, com alguns ecos de “Até O Fim” (dos Engenheiros), e com um nível de concisão harmônica que dá o tom do disco. Sim, o compositor continua existencialista em suas letras, e não abre mão dos jogos com as palavras e os sentidos, muito menos das referências literárias e musicais em suas temáticas. O diferencial está na parte instrumental, e na forma como ele usa e abusa de dois tipos de power trio: um elétrico, na maioria das canções, e um acústico em outras...

Voltando à estrada dos sons elétricos, temos o razoável pop/rock “Um Dia De Cada Vez”, que parece ter sido feito para ser lançado como um single inofensivo. Pode-se notar mais substância e nuances em “Algum Algoritmo” e “Calmo Em Estolcomo”, que evocam um pouco do Engenheiros do Hawaii mais oitentista.

A vibrante semi-balada “Olhou Pro Lado, Viu” é um dos raros momentos de maior pegada e peso, e ainda oferece alguns toques progressivos. A peculiar e soturna “Outro Nada” é também bastante inspirada, e soa como uma espécie de Blue Öyster Cult influenciado pela milonga. As influências regionais sulistas ainda mostram as caras novamente na boa “Missão”, que puxa algo do estilo do álbum “Gessinger, Licks & Maltz” (1992).

No setor acústico, guiado por violões e acordeom, Gessinger conseguiu o incomum efeito de soar despretensioso em suas incursões de folk regional, como podemos notar nas canções meio irmãs “Fetiche Estranho” e “Estranho Fetiche” – sendo a segunda delas a mais divertida. E “Bem A Fim” é talvez o momento mais bonitinho do disco, com direito a uma letra multifacetada.

“Não Vejo a Hora” é um álbum que consegue soar simples, mas sem perder a típica sofisticação do Humberto Gessinger. Ainda que não traga canções espetaculares, o fato é que todas apresentam algo de bacana nas entrelinhas e nos arranjos, além de uma performance vocal que deixa bem claro o nível de tranquilidade e otimismo em que o artista se encontra. Se ele não via a hora de entregar um álbum mais direto, nós não vemos a hora de ouvir o próximo...

Nota: 8

Por Fábio Cavalcanti

Músicas:
1. Partiu
2. Um Dia De Cada Vez
3. Bem A Fim
4. Algum Algoritmo
5. Calmo Em Estolcomo
6. Olhou Pro Lado, Viu
7. Fetiche Estranho
8. Maioral
9. Estranho Fetiche
10. Outro Nada
11. Missão

9 de outubro de 2019

Resenha: "PROJETO GEMINI" [sem spoilers]



Quem não gosta de um bom filme que misture ação bombástica, drama, ficção científica e Will Smith? Em “Projeto Gemini” (2019), novo trabalho do consagrado diretor Ang Lee, temos essa fórmula em versão duplicada, visto que o protagonista é apresentado como dois personagens: o indivíduo original e o seu jovem clone. Porém, ao contrário de outros exemplares semelhantes dos gêneros supracitados, o resultado aqui é bastante irregular em termos narrativos.

Na história, Henry Brogan (Smith) é um veterano assassino de elite que tenta se aposentar, mas logo se torna o alvo de um jovem clone seu, o qual se mostra um agente igualmente habilidoso e fatal. De forma inesperada, o diretor Ang Lee entrega ótimas, empolgantes e bem editadas cenas de ação – com destaque para o extenso e arrepiante confronto inicial entre os “dois” protagonistas. E Will Smith faz uma atuação cativante, intensa, e com nuances específicas de personalidade para as suas duas versões, o que gera uma aura hipnótica nos bons momentos de interação entre os dois personagens.

No mais, temos uma trama que desenvolve com desinteresse alguns subtextos batidos, como as conspirações de espionagem, e os perigos da biotecnologia para uso militar. Para piorar, é exigido do espectador um nível absurdo de suspensão de descrença, especialmente quando devemos acreditar que um clone nascerá com o mesmo dom do indivíduo original. De sobra, a personagem de Mary Elizabeth Winstead tem poucos momentos de força e destaque, e Clive Owen faz um vilão que falha na tentativa de ser um Tommy Lee Jones “sensível”.

Na parte emocional, há alguns competentes momentos daquele bom e velho Ang Lee dramático, quando este aborda as consequências psicológicas e familiares de um emprego que envolve frieza absoluta. E, ainda que o roteiro se torne previsível a partir de certo ponto, a conclusão dos arcos dos dois personagens é levemente satisfatória... e pode ser até comovente, para alguns espectadores.

No fim, “Projeto Gemini” é um clone clichê de outros filmes – em especial, das grandes obras ‘blockbuster’ dos anos 90 que também foram produzidas pelo Jerry Bruckheimer. Mesmo assim, ele é de uma diversão razoável e otimista para um fim de semana regado a bastante pipoca. Se for possível ignorar as várias falhas de roteiro, aprecie o seu visual impecável, os momentos da tríade “tiros/porradas/explosões”, a trilha sonora marcante, os incríveis efeitos especiais de “rejuvenescimento”, e cada um dos momentos de Will Smith e Will Smith em tela.

Nota: 6

Por Fábio Cavalcanti