10 de julho de 2023

Resenha: "MISSÃO IMPOSSÍVEL - ACERTO DE CONTAS - PARTE 1" (2023) [sem spoilers]

 
A franquia de ação e espionagem "Missão: Impossível", inspirada numa série de TV e levada ao cinema em 1996, caiu de vez nas graças do público - e da crítica - quando Christopher McQuarrie dirigiu os dois capítulos anteriores… Como o estilo épico adotado em “Efeito Fallout” funcionou bem, este foi mantido para elevar as surpresas do novo filme "Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte 1" (2023). Lembrem-se: em time vencedor encabeçado pelo Tom Cruise, quase não se mexe…

A atuação do sessentão “jovial” Cruise nos convence novamente de que o seu agente Ethan Hunt ainda pode correr e pode se surpreender com as próprias situações ou ações absurdas nas quais se encontra… Os recorrentes personagens de Ving Rhames, Simon Pegg e Rebecca Ferguson nos despertam sentimentos ainda significativos quando se fala do “valor do trabalho em equipe”, da mesma forma que a ambígua personagem da Hayley Atwell e o habilidoso “segundo vilão” feito pelo Esai Morales também são intrigantes…

Na narrativa, padrões prévios foram repetidos sem pudores: um cobiçado objeto ('MacGuffin'), partes expositivas nas quais cada frase é dita por um dos personagens presentes, e ausência de explicações sobre como a “sempre dissidente” equipe de Hunt consegue equipamentos e acessos fáceis em qualquer lugar do mundo. Já uma incompleta explicação sobre o passado de Hunt pode ser considerada como uma falha efetiva.

A novidade mesmo é o vilão principal, uma entidade de Inteligência Artificial que nos gera um suspense - quase à la Nolan - do tipo “o quanto e quando estamos sendo manipulados pela tecnologia?”. As cenas de ação, em especial uma perseguição em Roma e as situações num trem, são empolgantes em seus desdobramentos incomuns ou no bom senso de impactos físicos e psicológicos. Já a parte do salto de motocicleta no penhasco, o potencial “ápice da mirabolância” desse capítulo, ficou breve e com um final básico.

Como diz o título, "Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte 1" pertence a uma duologia específica, o que não muda o fato de que sua trama é funcional nos pontos importantes: emoções e éticas dos personagens, conspirações contemporâneas, e ação capaz de divertir e de gerar tensão ao mesmo tempo. Tirando umas incômodas tendências à quase canonização do icônico personagem do Tom Cruise, este é um dos melhores filmes de uma franquia que continua incansável!

Nota: 8

Por Fábio Cavalcanti