Quem não gosta de um bom filme
que misture ação bombástica, drama, ficção científica e Will Smith? Em “Projeto
Gemini” (2019), novo trabalho do consagrado diretor Ang Lee, temos essa fórmula
em versão duplicada, visto que o protagonista é apresentado como dois
personagens: o indivíduo original e o seu jovem clone. Porém, ao contrário de
outros exemplares semelhantes dos gêneros supracitados, o resultado aqui é
bastante irregular em termos narrativos.
Na história, Henry Brogan
(Smith) é um veterano assassino de elite que tenta se aposentar, mas logo se
torna o alvo de um jovem clone seu, o qual se mostra um agente igualmente
habilidoso e fatal. De forma inesperada, o diretor Ang Lee entrega ótimas,
empolgantes e bem editadas cenas de ação – com destaque para o extenso e
arrepiante confronto inicial entre os “dois” protagonistas. E Will Smith faz
uma atuação cativante, intensa, e com nuances específicas de personalidade para
as suas duas versões, o que gera uma aura hipnótica nos bons momentos de interação
entre os dois personagens.
No mais, temos uma trama que
desenvolve com desinteresse alguns subtextos batidos, como as conspirações de
espionagem, e os perigos da biotecnologia para uso militar. Para piorar, é
exigido do espectador um nível absurdo de suspensão de descrença, especialmente
quando devemos acreditar que um clone nascerá com o mesmo dom do indivíduo
original. De sobra, a personagem de Mary Elizabeth Winstead tem poucos momentos
de força e destaque, e Clive Owen faz um vilão que falha na tentativa de ser um
Tommy Lee Jones “sensível”.
Na parte emocional, há alguns
competentes momentos daquele bom e velho Ang Lee dramático, quando este aborda
as consequências psicológicas e familiares de um emprego que envolve frieza
absoluta. E, ainda que o roteiro se torne previsível a partir de certo ponto, a
conclusão dos arcos dos dois personagens é levemente satisfatória... e pode ser
até comovente, para alguns espectadores.
No fim, “Projeto Gemini” é um
clone clichê de outros filmes – em especial, das grandes obras ‘blockbuster’
dos anos 90 que também foram produzidas pelo Jerry Bruckheimer. Mesmo assim, ele
é de uma diversão razoável e otimista para um fim de semana regado a bastante
pipoca. Se for possível ignorar as várias falhas de roteiro, aprecie o seu
visual impecável, os momentos da tríade “tiros/porradas/explosões”, a trilha
sonora marcante, os incríveis efeitos especiais de “rejuvenescimento”, e cada
um dos momentos de Will Smith e Will Smith em tela.
Nota: 6
Por Fábio Cavalcanti