30 de dezembro de 2023

TOP 2023

Olá, pessoal

Após conferir 73 álbuns e 51 filmes novos - e quase nada de séries -, aqui estão os meus 'tops' do ano de 2023. Desejo tudo de bom para todos vocês em 2024!

2023 - MÚSICA:


Top 10 - Álbuns:
1. Road (Alice Cooper)
2. The Record (Boygenius)
3. I/O (Peter Gabriel)
4. Can't Find The Brakes (Dirty Honey)
5. Chronicles Of The Kid (Ayron Jones)
6. Me Chama De Gato Que Eu Sou Sua (Ana Frango Elétrico)
7. Vol. 10 (Buckcherry)
8. Chronicles of a Diamond (Black Pumas)
9. The Call of the Void (Nita Strauss)
10. Behind The Tea Chronicles (Ed Motta)
.
Menções honrosas (sem ordem):
-Darkfighter (Rival Sons)
-Six (Extreme)
-Quebra-Cabeça (Thomé)
-Every Loser (Iggy Pop)
-Guts (Olivia Rodrigo)
.
Top 20 - Músicas (playlist sem ordem):
https://open.spotify.com/playlist/4pQzZIxGZUFoDrDZ37KCum?si=20dff5389c424cb8

2023 - FILMES:


Top 10 - Filmes:
1. Nyad
2. O Próprio Enterro
3. O Mundo Depois de Nós
4. Barbie
5. O Assassino
6. Vidas Passadas
7. Oppenheimer
8. Os Rejeitados
9. Godzilla Minus One
10. Mussum: O Filmis
.
Menções honrosas (sem ordem):
-Ninguém Vai Te Salvar
-Retratos Fantasmas
.
Série (temporada) do ano: Ahsoka

20 de dezembro de 2023

Resenha: "AQUAMAN 2 - O REINO PERDIDO" [sem spoilers]


Os fãs de filmes de super-heróis não esconderam o alívio quanto ao fato de que o polêmico e pouco aprovado Universo Estendido DC está para ser encerrado. "Aquaman 2: O Reino Perdido" (2023), o título responsável pela ingrata despedida, é a comprovação derradeira de que a vibe dos trabalhos “da concorrência” são exatamente o que o público quer ver…

James Wan, ainda hábil na cinematografia e no senso de humanidade que permearam o 1º filme, conduziu aqui uma simples trama sobre união familiar, vingança, redenções, e preocupações ambientais atuais. Jason Momoa, como o carismático e intenso personagem principal, e Patrick Wilson, como o seu ambíguo irmão, gastam parte da trama como se fossem o Thor e o Loki (aborrecido) num ‘buddy cop’ subaquático.

O vilão vivido por Yahya Abdul-Mateen II, teria que ser lobotomizado para melhorar suas motivações e procedimentos. Já um outro vilão está no epicentro de momentos que nos fazem lembrar do bom cinema de terror do próprio Wan. Amber Heard aparece de forma silenciosa e burocrática, perdendo em engajamento emocional para a querida Nicole Kidman…

No que diz respeito às expansões de mitologia e ao detalhado escopo visual nas vastidões do oceano, é bacana notarmos as claras influências daquelas famosas franquias de fantasia e ‘space opera’... O clichê da ação/aventura alternada ao humor, presente nas dinâmicas de Momoa e Wilson, é acertadamente dispensado num sério e empolgante confronto final.

"Aquaman 2: O Reino Perdido” é um filme otimista que talvez seja o conveniente encerramento do James Wan para o universo sombrio inicialmente idealizado por Zack Snyder. O imponente e agora delineado personagem do Jason Momoa, e os fascinantes reinos de Atlântida, vão nos gerar agradáveis nostalgias no futuro. Dito isso, que tal trocarmos em breve a DC e a Marvel por outras opções?

Nota: 6

Por Fábio Cavalcanti

21 de novembro de 2023

Resenha: "NAPOLEÃO" [sem spoilers]


O francês Napoleão Bonaparte, que foi líder militar e posteriormente imperador, teve uma vida que mereceria uma nova e “derradeira” cinebiografia. Ridley Scott, já calejado em épicos “históricos” de drama e guerra, tomou a frente e dirigiu o filme “Napoleão” (2023), tendo como resultado a sua habitual dose de bons acertos e eventuais erros…

Joaquin Phoenix interpretou a impetuosa figura histórica de forma contida, sem o histrionismo típico dos tiranos… Então, para o bem ou para o mal, não há respostas fáceis para a pergunta: qual parte do carisma desse pequeno homem estranho conseguiu a simpatia da França? O ator englobou bem as inseguranças, imaturidades, ambições desmedidas, e senso distorcido de proporção, que desencadeiam o lado trágico da política.

O outro destaque, num roteiro que “amarra” menos ainda os personagens secundários, é a imperatriz Josefina, interpretada pela Vanessa Kirby. Através da enigmática atriz, podemos notar como uma “guerra” psicológica e falsamente romântica também culminou em algumas das decisões questionáveis de Napoleão.

Cerca de três ou quatro das várias batalhas lideradas por Bonaparte, foram mostradas com a habitual intensidade e detalhamento visual de Scott. Foi interessante também a troca dos excessos sombrios de “Gladiador” e “Cruzada” por uma fina camada de humor que pareceu combinar com o problemático indivíduo em questão.

“Napoleão” é um bom filme quanto ao arco “ascensão e queda de um imperador”, mas ao mesmo tempo é confuso para dois tipos de público: aquele que não lembra das aulas de história, e o especialista que notará as liberdades artísticas do roteiro. A atuação sutilmente criativa do Joaquin Phoenix, e as “atmosferas” cuidadosas do Ridley Scott, serão o bastante para a experiência grandiosa do momento…

Nota: 7

Por Fábio Cavalcanti

17 de outubro de 2023

Resenha: "ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES" [sem spoilers]


Martin Scorsese é bastante lembrado pelos seus filmes que são dotados de uma direção dinâmica e de certas intenções irônicas nas suas narrativas. Já o extenso e épico “Assassinos da Lua das Flores” (2023), que nasceu absolutamente necessário nessa atualidade recheada de escapismos cinematográficos, é de um drama calcado numa contemplação sóbria acerca de tragédias ocorridas na vida real.

O roteiro de Eric Roth e Scorsese, que foi baseado no livro homônimo de David Grann, narra a seguinte história inspirada em fatos: nos Estados Unidos dos anos 1920, membros da tribo indígena Osage foram misteriosamente assassinados, após terem descoberto petróleo em suas terras. Certos ecos das obras de faroeste, de investigação policial capitaneada por um então emergente FBI, e de máfia, foram usados com fluidez e realismo.

Leonardo DiCaprio, que interpreta um malandro um tanto tolo, e Robert De Niro, que interpreta um empreendedor maquiavélico, merecem elogios pelas suas boas e intrigantes nuances. Quanto à  Lily Gladstone, que interpreta uma nativa americana, merece aplausos (e indicações a prêmios) por uma atuação que nos puxa para um contexto de mudanças dolorosas. Destaco também os breves momentos de Jesse Plemons e Brendan Fraser…

Com o esmero técnico habitual, tanto em imagem quanto som, o diretor “pintou” muito bem um panorama político-social que remete a um dos seus subtextos favoritos: como as explorações cobiçosas e os crimes sempre estiveram associados com a “evolução” dos Estados Unidos. Os pontos do roteiro relacionados a consequências de atos, caem no lugar-comum, mas a tocante análise sobre o legado de um povo fala mais alto…

“Assassinos da Lua das Flores” é um filme que será melhor apreciado por quem já ama o Martin Scorsese de "O Irlandês": envelhecido, consistente, e desapegado de criar cenas icônicas para o espectador comum. Aquelas mais de três horas vão entediar alguns, e serão perfeitas para quem foi logo atraído pelos profundos personagens de DiCaprio, De Niro e Gladstone. Outro acerto de um dos mestres do cinema!

Nota: 8

Por Fábio Cavalcanti

10 de julho de 2023

Resenha: "MISSÃO IMPOSSÍVEL - ACERTO DE CONTAS - PARTE 1" [sem spoilers]

 
A franquia de ação e espionagem "Missão: Impossível", inspirada numa série de TV e levada ao cinema em 1996, caiu de vez nas graças do público - e da crítica - quando Christopher McQuarrie dirigiu os dois capítulos anteriores… Como o estilo épico adotado em “Efeito Fallout” funcionou bem, este foi mantido para elevar as surpresas do novo filme "Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte 1" (2023). Lembrem-se: em time vencedor encabeçado pelo Tom Cruise, quase não se mexe…

A atuação do sessentão “jovial” Cruise nos convence novamente de que o seu agente Ethan Hunt ainda pode correr e pode se surpreender com as próprias situações ou ações absurdas nas quais se encontra… Os recorrentes personagens de Ving Rhames, Simon Pegg e Rebecca Ferguson nos despertam sentimentos ainda significativos quando se fala do “valor do trabalho em equipe”, da mesma forma que a ambígua personagem da Hayley Atwell e o habilidoso “segundo vilão” feito pelo Esai Morales também são intrigantes…

Na narrativa, padrões prévios foram repetidos sem pudores: um cobiçado objeto ('MacGuffin'), partes expositivas nas quais cada frase é dita por um dos personagens presentes, e ausência de explicações sobre como a “sempre dissidente” equipe de Hunt consegue equipamentos e acessos fáceis em qualquer lugar do mundo. Já uma incompleta explicação sobre o passado de Hunt pode ser considerada como uma falha efetiva.

A novidade mesmo é o vilão principal, uma entidade de Inteligência Artificial que nos gera um suspense - quase à la Nolan - do tipo “o quanto e quando estamos sendo manipulados pela tecnologia?”. As cenas de ação, em especial uma perseguição em Roma e as situações num trem, são empolgantes em seus desdobramentos incomuns ou no bom senso de impactos físicos e psicológicos. Já a parte do salto de motocicleta no penhasco, o potencial “ápice da mirabolância” desse capítulo, ficou breve e com um final básico.

Como diz o título, "Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte 1" pertence a uma duologia específica, o que não muda o fato de que sua trama é funcional nos pontos importantes: emoções e éticas dos personagens, conspirações contemporâneas, e ação capaz de divertir e de gerar tensão ao mesmo tempo. Tirando umas incômodas tendências à quase canonização do icônico personagem do Tom Cruise, este é um dos melhores filmes de uma franquia que continua incansável!

Nota: 8

Por Fábio Cavalcanti

27 de junho de 2023

Resenha: "INDIANA JONES E A RELÍQUIA DO DESTINO" [sem spoilers]

 
"Indiana Jones e a Relíquia do Destino" (2023), o 5º e último filme da saga do inesquecível arqueólogo interpretado pelo Harrison Ford, já surgiu quase como um “jogo ganho”... afinal, não seria difícil superar o irregular e exagerado “O Reino da Caveira de Cristal”. Essa franquia de aventura/ação, que foi criada e até então conduzida por Steven Spielberg e George Lucas, foi agora dignamente finalizada pelo dedicado diretor James Mangold.

Claro, o tema do envelhecimento está presente aqui, agora que o Indiana Jones é idoso. Um acerto foi a abordagem sutil e pouco óbvia de Mangold ao ponto - sem puxar muito do seu próprio filme “Logan” -, visto que essa franquia foi concebida como aventureira, espirituosa e episódica. Há também um objeto ‘MacGuffin’, e o batido clichê da possibilidade de viagem no tempo, tudo a serviço da simbólica questão “aceitar ou não os efeitos do tempo”...

Harrison Ford impressiona de novas formas, ao alternar com realismo o cansaço inevitável e o restante de ímpeto que podem existir num herói que não encontrou espaço na “contemporaneidade” dos anos 60… A cinematografia vivaz, as vibes "pulp" e o maniqueísmo previamente usados por Spielberg para nos levar essencialmente aos tempos da Segunda Guerra, foram trocados agora por uma sobriedade que parece nos convidar a observar as ambivalências político-sociais do ápice da Guerra Fria.

Não há espaço narrativo para a maioria dos personagens (Antonio Banderas, por exemplo), mas podemos destacar aqueles que se conectam de alguma forma com Jones: a enérgica e malandra personagem interpretada pela Phoebe Waller-Bridge, e o bem delineado e nada caricato vilão interpretado pelo Mads Mikkelsen. A breve aparição de dois personagens clássicos, e uma certa explicação paternal, também deixarão os fãs comovidos…

O filme "Indiana Jones e a Relíquia do Destino" merece receber a mesma suspensão de descrença que aplicamos ao icônico "Os Caçadores da Arca Perdida". Com uma ação que não ignora as fragilidades de um herói idoso, com as boas e velhas incursões pelo sobrenatural, e com uma trama que “segue em frente” por vários obstáculos e localidades sem exagerar nas “contemplações de despedida”, aí está um ótimo, tradicional e comedido ‘blockbuster’. Obrigado Harrison Ford!

Nota: 8

Por Fábio Cavalcanti

13 de junho de 2023

Resenha: "THE FLASH" [sem spoilers]

 
Na era atual dos filmes de super-heróis, na qual as viagens no tempo e os multiversos se tornaram um repetitivo recurso narrativo, a regra suprema é a seguinte: não existem mais regras para a lógica. “The Flash” (2023), o filme do Universo Estendido DC sobre aquele pitoresco personagem super veloz, pode ser tão problematizado em pontos científicos quanto qualquer obra desse tipo - em especial, as “da concorrência” -, ou pode ser apreciado pela sua abundância de humanidade e de momentos empolgantes…

Dirigido por Andy Muschietti, com o mesmo apreço emocional, cômico e “ácido” que este dedicou às dinâmicas dos personagens do seu “It - A Coisa”, esse filme apresenta um Barry Allen que não é apenas o jovem “engraçadinho e às vezes irritante” que conhecemos na Liga da Justiça. As “duas atuações” do Ezra Miller aqui foram potencializadas por um roteiro que pôs a temática “de amadurecimento” e o temor à frente das eventuais - e bacanas - piadinhas…

Como já foi divulgado, há também o sagaz Batman do Michael Keaton, que funcionou como um mentor na narrativa, e não apenas como ‘fan service’. Suas cenas de ação, que adotam o frenetismo dos filmes atuais, são elevadas pelo carisma do ator. Por outro lado, a Supergirl da Sasha Calle é mais uma daquelas atuais heroínas “duronas até demais”, o que não gera uma boa identificação. Já o revivido vilão Zod (Michael Shannon) serve apenas para adiar até o fim uma boa e reflexiva reviravolta vilanesca…

Quem deseja ver as cenas de “super velocidade em câmera lenta”, pode ao mesmo tempo se deleitar com o alto nível de criatividade destas (em especial, uma que envolve uma queda), e também reclamar do fato de que não existem tantas ao longo da trama… A “épica” ação final será também cansativa para uns, e acertadamente catártica para outros… Acima disso tudo, há algo meio “‘De Volta para o Futuro’ subvertido” aqui, que nos faz pensar sobre como lidar com o luto e com a aceitação do que é inevitável na vida.

“The Flash” é um filme abrangente de ação/aventura/fantasia, capaz de fazer o espectador rir nas medidas certas, sentir alguma tensão, e chorar em uma ou outra parte… Apenas não é recomendável para quem já sente a fadiga do “quase tudo é possível” que acomete obras sobre “realidades alternativas”. Seu provocativo final até funciona igualmente como 'cliffhanger' e como uma possível despedida para o agora tão completo Flash do Ezra Miller. A DC tem ainda algumas cartas na manga, afinal.

Nota: 9

Por Fábio Cavalcanti