28 de maio de 2019

Resenha: "GODZILLA II: REI DOS MONSTROS" (2019) [sem spoilers]


Existe algo de fascinante nos épicos filmes-catástrofe do nosso “querido” monstro Godzilla, ainda que as suas destruições constantes possam se tornar repetitivas e maçantes depois de certo ponto... Sim, essa fadiga ocorre um pouco em “Godzilla II: Rei dos Monstros” (2019), filme que funciona como continuação do “Godzilla” de 2014, e também como novo capítulo de um universo expandido chamado “MonsterVerse”. Mesmo assim, sua história traz novos elementos humanos - e ecológicos, de certo modo - que o fazem se sustentar por conta própria.

Na trama, os seres humanos precisam lidar com mais monstros recém descobertos, em especial os “titãs” Mothra, Rodan e King Ghidorah. O diretor Michael Dougherty é hábil em fazer seus personagens mudarem de perspectivas, paradigmas, e até motivações, de acordo com cada nova circunstância... e sim, os quatro “bichinhos” principais também possuem suas curiosas nuances. Acima de tudo, os humanos refletem sobre algumas questões, tais como: pode haver uma coexistência entre a gente e os monstros? E quem deve ser o “alfa”?

No centro da narrativa, temos os Russel, que exemplificam aquele clichê de família traumatizada e disfuncional – em busca de algum tipo de resolução em meio à catástrofe mundial. De toda forma, Kyle Chandler e Vera Farmiga interpretam os pais com um altíssimo nível de intensidade, enquanto que a jovem atriz Millie Bobby Brown continua mostrando sua impressionante versatilidade. Destaque também para Ken Watanabe, que brilha mais uma vez como o sempre convincente Dr. Serizawa.

A narrativa é divertida, mas sem deixar de se levar a sério em seus frequentes tons sombrios e noturnos. E as cenas de ação estabelecem aqui um novo nível de deleite visual e sonoro, embora só empolguem de verdade nas situações em que os humanos correm um grande risco em meio aos conflitos entre Godzilla e os outros “titãs”. Ainda que não tenhamos nada de novo e revolucionário aqui, há coesão, equilíbrio, e uma conveniente fidelidade à tradição oriental dos ‘kaijus’, além de alguns momentos genuinamente intensos a nível emocional...

Godzilla II: Rei dos Monstros” não ofende a inteligência do espectador, e é levemente superior ao primeiro filme, seja em história, subtextos ou ação “blockbuster”. O próprio Godzilla, enquanto personagem, possui agora uma complexidade psicológica cada vez mais próxima de outro monstro que logo o encontrará no “MonsterVerse”: o King Kong. Se o conflito entre os dois trará um resultado que não seja um desastre artístico – nesse mundo dominado por gigantes e monstruosas (hum) franquias cinematográficas -, apenas o tempo dirá...

Nota: 7

Por Fábio Cavalcanti

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