10 de maio de 2019

Resenha: "JOHN WICK 3 - PARABELLUM" (2019) [sem spoilers]


Quais são os três principais valores da vida? A franquia cinematográfica John Wick nos dá a resposta: porrada, tiroteio e perseguições! O gênero de ação andava carente de filmes com um apreço maior a sutilezas narrativas, produção elegante, e uma coragem de abraçar a própria essência sem grandes pretensões em seus subtextos. Felizmente, o diretor Chad Stahelski entregou em seu “John Wick 3: Parabellum” (2019) um nível de qualidade não muito distante dos dois filmes que o antecedem...

A história continua do ponto em que o segundo filme havia terminado... e agora o grande assassino de aluguel John Wick (Keanu Reeves) precisa se salvar após sua cabeça ser posta a prêmio. Temos também a introdução da “Alta Cúpula”, que é responsável por manter um senso de ordem e controle em cima de todos os nossos queridos fora da lei...

Como se pode deduzir, este terceiro filme ainda fala sobre regras e leis que devem ser levadas às últimas consequências. O pequeno diferencial está na lição “Se você quer paz, se prepare para a guerra”, algo que guia a motivação do nosso protagonista por caminhos diferenciados. Ao longo dessa jornada, somos brindados com “danças” de ação frenéticas e eletrizantes, das quais eu destaco a criativa - e quase cômica - luta envolvendo diversos objetos cortantes, e o apoteótico confronto em belíssimas áreas internas do Hotel Continental...

Além do brilhantismo de Keanu Reeves na composição de um protagonista “bruto, mas com alguma sensibilidade”, temos vários outros personagens interessantes: o imprevisível Winston (Ian McShane), a multifacetada Sofia (Halle Berry), o hipnótico Rei Sombrio (Laurence Fishburne), o carismático Zero (Mark Dacascos) e uma misteriosa e sistemática vilã (Asia Kate Dillon). Stahelski é habilidoso em extrair o melhor de cada ator, além de fornecer alguma importância narrativa para personagens que, em sua maioria, possuem pouco tempo em tela.

A única falha fica por conta da necessidade de deixar pontas soltas para mais continuações desse pequeno grande universo (“Wickverso”?), de tal forma que o último ato acaba trazendo os primeiros sinais de possível cansaço e previsibilidade para a saga.

Seja como for, “Parabellum” é um filme que mantém a escala do segundo exemplar, além de nos lembrar dos clássicos heróis “silenciosos” (Steve McQueen, Charles Bronson, entre outros) e do cinema oriental de ação. Chad Stahelski se mostra plenamente capaz de nos entreter com suas cores fortes, e com planos que nos deixam a par de cada detalhe visual e sonoro. E o melhor de tudo: podemos perceber que cinema de gênero também é arte. Aguardemos pelos próximos “tiros e porradas” que fazem nossa vida ter algum sentido...

Nota: 8

Por Fábio Cavalcanti

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