28 de janeiro de 2020

Resenha: "BAD BOYS PARA SEMPRE" (2020) [sem spoilers]



O cinema ‘blockbuster’ dos anos 90 nos presenteou com verdadeiros arrasa-quarteirões de ação policial, incluindo a pequena franquia “Bad Boys”. Mesmo naquela época, o gênero ‘buddy cop’ já estava um pouco defasado, e os dois filmes da saga (especialmente o segundo) não chegaram a atingir seu pleno potencial. Agora temos “Bad Boys Para Sempre” (2020), a obra que finalmente eleva a história dos nossos queridos policiais imorais a outro patamar...

Na narrativa, os parceiros Mike (Will Smith) e Marcus (Martin Lawrence) precisam lidar com a misteriosa motivação da vilanesca família Aretas (Kate del Castillo e Jacob Scipio). O roteiro pode ser de alguma forma simples e clichê, mas os diretores Adil e Bilall nos levam muito além das bombásticas cenas de ação e da comédia propositalmente deslocada que permearam os filmes anteriores. Aqui temos algumas reviravoltas tensas e corajosas, e elementos dramáticos que nunca haviam sido explorados com tanta competência na saga.

Óbvio que a dupla principal ainda é o epicentro do filme. Will Smith e Martin Lawrence apresentam a mesma química maravilhosa de antes, e suas crises da meia-idade os fazem passar por várias mudanças de perspectivas e paradigmas à medida que a história avança. E quando somos informados das reais motivações dos dois quase caricatos vilões, o personagem de Lawrence abraça a autoindulgência ao se referir àquilo como sendo “coisa de novela”... o que ironicamente não tira a intensidade do empolgante ato final do filme.

Somos apresentados também a uma nova e tecnológica divisão policial, da qual se destacam muito mais os seus carismáticos membros secundários do que a sua desinteressante líder Rita (Paola Nuñez). Nesse ponto, o filme pode render ainda boas discussões sobre como unir mentalidades antigas e novas em prol de uma boa polícia na atualidade.

Até mesmo no quesito ação, o novo trabalho supera os anteriores, pois temos finalmente um senso real de perigo. Mike e Marcus não são mais os heróis quase indestrutíveis de outrora, e assim há menos absurdo nos momentos de tiros, pancadaria, perseguições e explosões. E a parte técnica é de alguma forma elegante e bem dosada em seus elementos, sem perder alguns dos padrões estabelecidos anteriormente pelo frenético diretor Michael Bay.

O fato é que “Bad Boys Para Sempre” é a sequência que não sabíamos que queríamos. Ele se mostra não apenas como o melhor e mais completo filme da franquia, como também se alterna bem entre a ação empolgante, a comédia cheia de humor negro, e uma fresca adição de emoção familiar. Ah, e uma cena durante os créditos pode indicar uma possível continuidade desse “bad universe”. Será que teremos Will Smith e Martin Lawrence para sempre, afinal?

Nota: 8

Por Fábio Cavalcanti

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