O cinema ‘blockbuster’ dos
anos 90 nos presenteou com verdadeiros arrasa-quarteirões de ação policial,
incluindo a pequena franquia “Bad Boys”. Mesmo naquela época, o gênero ‘buddy
cop’ já estava um pouco defasado, e os dois filmes da saga (especialmente o
segundo) não chegaram a atingir seu pleno potencial. Agora temos “Bad Boys Para
Sempre” (2020), a obra que finalmente eleva a história dos nossos queridos
policiais imorais a outro patamar...
Na narrativa, os parceiros
Mike (Will Smith) e Marcus (Martin Lawrence) precisam lidar com a misteriosa
motivação da vilanesca família Aretas (Kate del Castillo e Jacob Scipio). O
roteiro pode ser de alguma forma simples e clichê, mas os diretores Adil e
Bilall nos levam muito além das bombásticas cenas de ação e da comédia
propositalmente deslocada que permearam os filmes anteriores. Aqui temos
algumas reviravoltas tensas e corajosas, e elementos dramáticos que nunca
haviam sido explorados com tanta competência na saga.
Óbvio que a dupla principal
ainda é o epicentro do filme. Will Smith e Martin Lawrence apresentam a mesma
química maravilhosa de antes, e suas crises da meia-idade os fazem passar por
várias mudanças de perspectivas e paradigmas à medida que a história avança. E
quando somos informados das reais motivações dos dois quase caricatos vilões, o
personagem de Lawrence abraça a autoindulgência ao se referir àquilo como sendo
“coisa de novela”... o que ironicamente não tira a intensidade do empolgante
ato final do filme.
Somos apresentados também a
uma nova e tecnológica divisão policial, da qual se destacam muito mais os seus
carismáticos membros secundários do que a sua desinteressante líder Rita (Paola Nuñez). Nesse ponto, o filme pode render ainda boas discussões sobre como
unir mentalidades antigas e novas em prol de uma boa polícia na atualidade.
Até mesmo no quesito ação, o
novo trabalho supera os anteriores, pois temos finalmente um senso real de
perigo. Mike e Marcus não são mais os heróis quase indestrutíveis de outrora, e
assim há menos absurdo nos momentos de tiros, pancadaria, perseguições e
explosões. E a parte técnica é de alguma forma elegante e bem dosada em seus
elementos, sem perder alguns dos padrões estabelecidos anteriormente pelo
frenético diretor Michael Bay.
O fato é que “Bad Boys Para
Sempre” é a sequência que não sabíamos que queríamos. Ele se mostra não apenas
como o melhor e mais completo filme da franquia, como também se alterna bem entre
a ação empolgante, a comédia cheia de humor negro, e uma fresca adição de
emoção familiar. Ah, e uma cena durante os créditos pode indicar uma possível
continuidade desse “bad universe”. Será que teremos Will Smith e Martin
Lawrence para sempre, afinal?
Nota: 8
Por Fábio Cavalcanti