O que é necessário numa
franquia cinematográfica infanto-juvenil que lida com um jogo capaz de puxar
seus participantes para um mundo fantasioso? O primeiro “Jumanji” (1995)
mesclou a diversão escapista com uma boa dose de coração e alma, e o ‘reboot’ “Jumanji
- Bem-vindo à Selva” (2017) foi responsável por intensificar a ação e a comédia
na saga. Felizmente, antes de a franquia se transformar num mero pastiche de si
mesma, há uma retomada de um elemento humano mais certeiro em seu novo filme: “Jumanji
- Próxima Fase” (2019).
Na nova aventura, a jovem
turma e mais dois idosos são puxados para o jogo Jumanji, o qual apresenta um
defeito que resulta em trocas imprevistas de personagens e desafios mais
intensos. O diretor Jake Kasdan manteve parte do que já havia funcionado no seu
‘reboot’, resultando em alguns clichês e num senso reduzido de perigo – em
especial na ação final do filme, a qual parece ocorrer no modo “easy”. Por
outro lado, ao unir jogadores jovens e idosos, ele cria uma boa reflexão
conjunta sobre os perrengues do crescimento e do envelhecimento.
Mais uma vez, o show das
atuações fica por conta da divertidíssima química entre os avatares,
interpretados por Dwayne Johnson, Jack Black, Kevin Hart e Karen Gillan. Todos
eles se mostram versáteis - no modo “hard” agora - pois incorporam uma
quantidade maior de pessoas “do mundo real” dessa vez. Os pontos altos de
comédia são justamente aqueles em que Johnson e Hart nos presenteiam com as
nuances dos dois personagens mais bem desenvolvidos da nova história: os amigos
idosos interpretados por Danny DeVito e Danny Glover.
A imersão continua ‘ok’, e a
montagem é tão fluida quanto a de um aleatório jogo que pode nos levar a
desertos, florestas e lugares frios num curto período de tempo. A ação salta
aos olhos em ao menos dois momentos: aquele envolvendo avestruzes alucinados, e
aquele envolvendo babuínos nervosos. E o final, ainda que tenha sua dose de previsibilidade,
funciona muito bem numa catarse que não apenas evoca um sentimento semelhante
ao do filme clássico de 1995 como também pode nos extrair algumas lágrimas...
“Jumanji - Próxima Fase” não é
um avanço efetivo para uma nova fase do cinema pipoca, mas não deixa de trazer
uma mistura inspirada de ação, aventura, fantasia e comédia, num pacote
perfeito para toda a família (incluindo os avôs). E sua dose extra de
profundidade, sobre transições na vida e suas novas possibilidades, faz com que
essa obra seja levemente superior ao “Bem-vindo à Selva”. Como era de se
esperar, a cena durante os créditos já abre o caminho para uma nova sequência,
logo podemos nos preparar para o próximo jogo!
Nota: 7
Por Fábio Cavalcanti